A Irracionalidade e a Paranóia do Medo

Em tudo na vida podemos olhar para aquilo que está à nossa frente de várias formas. A pior de todas elas é o medo. Por mais que nos queiramos ver livres dele é impossível escapar à sua existência. Àquela voz que está a falar insistentemente. Fechamos os olhos, pomos as mãos nos ouvidos, mas ela persiste porque está na nossa mente e não a conseguimos calar.

O medo é paranóico. Podemos ser pessoas independentes, que aceitam as dificuldades, que enfrentam tudo com um sorriso na cara, que põe os outros à frente de tudo. No entanto, aquilo que acontece é que muitas vezes o medo persiste. Focamos a nossa atenção nos outros, porque o medo não nos deixa tomar as nossas próprias decisões sem pensar no que daí advém.

Creio que essa possibilidade de focar a nossa acção no próximo é talvez a única boa consequência desse medo em arriscar. Seja arriscar numa simples viagem de férias ou o arriscar numa mudança completa da nossa vida. Quando queremos fugir daquilo que nos atormenta olhamos para o
que está à nossa volta, porque aquilo que está dentro de nós é demasiado doloroso e confuso. E queremos fugir.

A dor e a confusão são as condicionantes do medo. Tudo parece impossível, não conseguimos distinguir aquilo que queremos verdadeiramente do que é acessório. Não temos forças suficientes e a coragem necessário e isso provoca uma dor que não conseguimos materializar nem verbalizar. É uma coisa que cada um sente de forma diferente e que não consegue justificar nem explicar. Porque ele está enraizado naquilo que somos. O medo é, de facto, irracional. Não o conseguimos desconstruir racionalmente, apenas conseguimos senti-lo. É real, mas incompreensível.

Talvez por sermos incapazes de o compreender, as reacções ao medo são distintas. 
Alguns de nós conseguimos dominá-lo e tentamos rejeitá-lo.
Outros conseguem utilizá-lo como motivação. Ou seja, são capazes de transformá.lo na sua própria força.
E ainda existem aqueles que não o conseguem enfrentar e deixam-no tomar conta da sua vida, do seu pensamento e das suas decisões. 
Tanto os primeiros como os últimos necessitam de conhecer os segundos. Apenas para lhes dar alento e para saberem que nem tudo é tão triste e fatal.

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