Um Doce Retirado da Mão
Tal e qual como quando se dá um doce a uma criança e, depois de o pequeno lhe dar duas lambidelas, é lhe arrancado da mão. É precisamente com essa sensação em que me encontro.
Quando menos esperamos é-nos dada uma esperança de que tudo vai ficar melhor. Que vamos ficar livres daquele empecilho que nos dificulta o caminho, vamos ficar sem a pedra no sapato (que tanto nos incomoda), que vamos ficar livres daqueles chatos que nos consomem a sanidade mental. Acreditamos que é possível, ficamos com um sorriso na cara e parece que tudo corre melhor. Passamos a ser verdadeiros e não somos cínicos, porque sabemos que a paz vai regressar.
Até que começamos a ver alguns sinais preocupantes. A pedra teima em ficar no sapato, não nos conseguimos livrar do empecilho e os chatos estão cada vez mais presentes. O nosso cérebro diz "Está atenta. Não faças já a festa".
Mas, o nosso coração tolo e cheio de crenças diz que vamos conseguir. Que agora tudo vai mudar. E de repente, de um dia para o outro, vemos o empecilho, a pedra e os chatos a ficarem cada vez maiores. Tão grandes que sabemos que não vamos conseguir retirá-los do caminho. E que, daqui para a frente, temos de continuar a fazer o que temos feito, a engolir sapos, a mentir, a ser cínicos, para que, pelo menos, ao final do dia, possamos ter alguma paz e desejar que o próximo dia demore a chegar. Porque sabemos que vamos ter de continuar a viver assim, abafados, por estes obstáculos.
No fim, fica tudo na mesma. Tudo não passou de um bonito sonho.
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