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A mostrar mensagens de junho, 2017

O Vínculo da Transparência

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É quase como um jogo de pingue-pongue. De um lado, uma pergunta. Do outro, uma resposta. E, assim, vice-versa. Por vezes, o silêncio também se instala. E quando assim é, nada parece estranho ou pouco confortável. Não. Muito pelo contrário. Ela sabe que ele a olha, ela sabe que ele está atento ao que ela está a fazer. Por isso, basta uma pequena palavra, uma constatação de um facto, para que ele a oiça. E ele responde, diz algo sobre aquele assunto. E a conversa continua animada. Mas, são os olhares, as expressões faciais, o acenar da cabeça, a forma como o seu corpo se coaduna com o lugar onde está. A sua postura corporal, descontraída e completamente à vontade. Sim. Continuam a ser os pequenos gestos que ficam na memória, que mais a fascinam.  Ela tenta chegar a um papel, ao mesmo tempo que ele. E, subitamente, as mãos tocam-se. E não há nada de desconfortável, nem de vergonha. Não. Há apenas uma leveza de espírito que se instala entre os dois... Uma leve...

A Fuga de Treze

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Treze tinha uma vida normal: andava pelas ruas quando não tinha aulas, brincava com os seus amigos na escola, a mãe e o pai cuidavam sempre dele, fazendo com que se tornasse num miúdo carinhoso, educado e a sorrir para a vida.  Porém, as coisas mudam e a vida de Treze não foi excepção. Para um miúdo foi tudo repentino. As malas à porta, depois das contínuas discussões entre os pais, eram sinais que ele não poderia ignorar. Ele iria embora? O pai iria sair porta fora? Não. Afinal, não. Era ela. Aquela pessoa que ele sempre pensara que amara toda aquela vida conjunta abandonava o barco. A mãe saía de casa com a promessa de que iria buscá-lo para ficar com ela. Treze não percebia muito bem o que é que estava a acontecer. Ele nunca tinha visto o pai chorar. Agora, parecia que era assim todos os dias. Quando um dia de manhã, Treze bateu na porta do quarto do pai e viu-o deitado, com uma garrafa na mão, ele sabia que o pai também estava a mudar. O medo crescia dentro de...

Tudo o que Ela Precisava

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É com algum cansaço com que Ana fecha a porta de casa. É já noite e ela não se consegue concentrar em nenhum dos seus gestos já mecânicos, marcados pela rotina diária. Fui um dia e tanto. Diferente de tudo aquilo que ela podia imaginar. Diferente de tudo aquilo que ela sentia habitualmente. Diferente da monotonia que era a sua vida. Tinha sido tudo tão espontâneo, tão sincero e tão livre que ela só podia sorrir. Como tinha sido bom. Como tinha sido saboroso. Como tinha sido intenso. No fundo, como tudo tinha sido tão cheio de vida. Já no seu quarto, Ana senta-se na cama. Mergulhada naquilo que tinha vivido durante a sua tarde, ela começa a descalçar-se. Na sua cabeça, ela consegue vê-lo. Ele ali está com a sua vivacidade, com o seu sorriso, com o seu olhar carinhoso. Ela lembra-se perfeitamente de como se sentiu bem junto dele. De como sentiu que pertencia ali. Ali àquele espaço, a ele. De como ela se sentiu confortável com ele. Em apenas umas horas, Ana estav...