A Lição dos Adeptos do Mónaco

O ser humano é capaz de fazer tudo. E quando digo tudo, é mesmo tudo.
É para mim esmagador perceber como é que um ser humano consegue matar, violar, menosprezar, planear ataques terroristas. Como é que um ser pensante consegue decidir que o seu objectivo de vida é assassinar?

Chego a casa e, mais uma vez, a minha realidade muda. Passámos de ataques em massa, para ataques ao pormenor? Passámos de assassinos em estações de metro para assassínios a um grupo de pessoas específico que, pela sua notoriedade e função, são badalados em todo o mundo. E aí, voltamos a ficar em choque. 

Não podemos ser puristas ao ponto de nos esquecermos que o mesmo acontece diariamente em países do Médio Oriente ou em África, por exemplo. Não nos podemos esquecer disso, nem retirar a barbárie que isso é.

Mas é impossível não ficar embasbacada a olhar para a televisão quando recebo a notícia de que o autocarro com a equipa do Borussia de Dortmund, que ia jogar uma partida da Liga dos Campeões, é atacado. Um ferido. É um dos ataques que fere o modo de vida do ocidente. É um daqueles acontecimentos que nos alerta para aquilo que é mais evidente do que nunca: o nosso quotidiano mudou. A nossa realidade mudou. A nossa sociedade mudou. Tudo aquilo a que estavámos habituados mudou. E como lidar com isso? 

É lógico que não podemos, nem devemos, fechar-mo-nos em casa e deixarmos de fazer a nossa vida: apanhar o metro para ir para o trabalho ou deixar de ser jogador da bola, porque os autocarros da equipa podem ser atacados a qualquer momento. Não. Devemos continuar a viver as nossas vidas. Mas que obrigação é esta em que viver a nossa vida é estarmos em constante perigo? A viver num constante medo de que algo desconexo aconteça.

Porém, tenho consciência de que mesmo com o medo, há que viver. E ao mesmo tempo que vemos todos os dias as atrocidades que o ser humano é capaz de fazer, também conseguimos descobrir aquilo que de melhor há dentro de nós.

O exemplo dos adeptos do Mónaco faz-me pensar naquilo que o Homem também tem de bom. É emocionante ouvi-los a gritar pelo Dortmund. É o grito de quem quer demonstrar que face a este perigo, a união é aquilo que faz a força. A união é o caminho. 

E depois vemos aquilo que faz o Borussia de Dortmund: o apelo para que os alemães dêem alojamento aos adeptos do Mónaco (o jogo apenas se vai realizar amanhã), criando a hashtag #bedforawayfans .
Este é também mais um exemplo daquilo que o desporto, neste caso o futebol, tem de melhor: o fair-play e o respeito, colocando em primeiro aquilo que mais de importante existe - a vida e a dignidade humana.

Espero que Bartra fique bem de saúde.
Espero que saibamos voltar a viver sem medo.
Espero que o exemplo dos adeptos do Mónaco, seja uma lição para todos, porque este é o exemplo daquilo que o ser humano pode ter de melhor. E isso nunca pode ser esquecido.



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