O Papel de Espectadora da Vida
"Alguns seres nascem para viver, outros para trabalhar, outros para ver a vida. Eu tinha um pequeno e mau papel de espectadora. Para mim era impossível sair dele. impossível libertar-me." (in "Nada" de Carmen LaForet) Empurra um. Empurra outro. Tropeçar. Encostar à parede para encontrar apoio. Seguir caminho. Encontrão de uma pessoa. Cara feia de outra. Ignorada por todos. As lágrimas escorriam pela face de Alexandra. O ocaso da rua era o melhor local para chorar. Ninguém via. Aí era ainda mais invisível do que em casa ou noutros locais do dia a dia. Quanto mais movimentado fosse o lugar, mais anónima se tornava. E isso era normal para si. Fazia parte. Mais uma vez aquela jovem chorava. Se lhe perguntassem porquê, talvez não conseguisse verbalizar uma única razão, pois a tristeza era maior do que ela. Já não cabia em todo o seu ser. Tinha de sair e esta era a forma de a dor se expressar e instalar-se, também, fora de si. Sem saber o que fazer continuou a...