Planear? Não! Imaginar? Sim...

A imaginação pode ser uma coisa fabulosa. Planear, programar, projectar, nem tanto. 

Quando imaginamos sabemos que estamos a fazer exactamente isso: a imaginar. Por um lado, estamos a criar cenários cuja possibilidade de existirem é nula. Sabemos isso ou pelo menos não temos qualquer esperança de que venham a existir. A imaginação tem, de facto, esse poder: o poder de nos colocar em situações, lugares ou na presença de alguém especial, que nunca teremos a oportunidade de viver em concreto. Até, porque não estabelecemos isso como um objectivo. Apenas nos limitamos a deixar a nossa criatividade fluir e, por momentos, fazer com que viajemos internamente. 

É por isso que eu gosto tanto da imaginação. Ela dá-nos uma sensação de liberdade que de outra forma não seria possível. E o mais fantástico é que o podemos fazer onde quer que seja, a qualquer hora, sem nenhum constrangimento, porque a imaginação é só nossa. A imaginação é livre e pessoal.

Quanto à necessidade de projectar é de planear, inerentes ao ser humano, esta pode ser cruel. Se contarmos o número de planos que já fizemos ao longo da vida e que não se concretizaram, isso pode ser devastador. E é. É triste e solitário. Por vezes, planeamos tudo e mais alguma coisa e as coisas não dão certo. Mesmo contando com algumas adversidades, o pior é quando essas são imprevisíveis e são essas que nos tramam. 

É como se estivéssemos numa pista de atletismo, na zona da partida à espera de ouvir o sinal para começarmos a nossa prova. Depois dos treinos, de planearmos o percurso, de nos preparamos fisicamente, de contarmos com as adversidades do tempo, e de contarmos com o mais ínfimo pormenor, pensamos que estamos preparados. E aí estamos nós. Senti-mo-nos até ansiosos para dar inicio à nossa prova final, até porque sabemos que nada pode correr mal, porque projectamos tudo. Ouvimos o sinal de partida e aí começamos rumo à meta. Mas algo de inesperado acontece. Um encontrão, uma queda e ficamos a meio do caminho, caídos no chão, sem saber o que nos aconteceu. E, só depois, nos "cai a ficha" e ganhamos consciência de que não chegámos à nossa meta. Por mais que tenhamos planeado, projectado e preparado a nossa prova, não conseguimos chegar ao fim, não conseguimos chegar à meta, ao nosso objectivo.

Pegando no exemplo dado acima e adicionando aquilo que tanta vezes nos acontece na vida depois de projectarmos algo, a verdade é que depois de analisarmos os acontecimentos continuamos sem perceber se a culpa é nossa. Se temos culpa por termos falhado, se são factores externos ou se a nossa queda acontece simplesmente porque sim. Ficamos sem perceber qual a razão que nos leva
a ficar pelo caminho. E essa sensação pode ser destruidora, principalmente se isso nos acontece insistentemente. 

Porém, é muito difícil combater esta necessidade de planear. Por mais que não consigamos ter aquilo pelo qual tanto lutamos e sonhamos (sonhar é diferente de imaginar), a nossa capacidade para programar vem sempre ao de cima. Aquilo que tenho aprendido nos últimos tempos, é que planear não é o caminho certo. Porque quem planeia cria expectativas e eu estou verdadeiramente cansada de ver as minhas expectativas saírem sempre defraudadas. Todas elas. O melhor a fazer é não criar nenhuma meta, porque, só quando assim é, sou surpreendida pela positiva e recebo momentos que farão sempre parte de mim. E são eles que me permitem sobreviver no meio de tantas expectativas e planos quebrados. 

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