"Don't Look Down, There's Nothing Here for You to See"

"Dream on, Hayley, don't look down 
There's nothing here for you to see 
Dream on, Hayley, you're just about there
Dont give up so easily
Dream on, Hayley, if you don't feel love
Dreaming is the way to go, I know,"

By: James Morrison - Dream On Hayley Lyrics


Raquel mexia os olhos... Ela sabia que era altura de acordar. Deitada de costas na sua cama, estendeu os seus braços para os lados e sentiu o vazio, tal e qual como todas as manhãs. Finalmente, abriu meio olho e suspirou. 
- Mais um dia... - murmurou...

Abriu os dois olhos e percebeu como a cama estava toda descomposta. Eram demasiadas as voltas que ela dava durante o seu sono. Rodou o corpo para a janela e ajeitou a almofada. Para estar mais confortável puxou o lençol um pouco mais para cima e colocou a sua mão debaixo da cara. Raquel sabia que ainda tinha mais dez minutos para poder ficar ali, na sua própria redoma, a evitar um novo dia que ia começar. Um novo dia que não tinha nada para lhe oferecer. Nada a ia fazer desperdiçar aqueles dez minutos de paz e sair já da cama.

A luz da manhã ia começando a inundar o quarto. Raquel gostava de sentir aquela luz no seu rosto e fechou os olhos. Quis recordar o que tinha sonhado naquela noite. A verdade é que ela passava a vida a sonhar, fosse a dormir, fosse acordada. Mas ela tinha a certeza absoluta de que tinha sonhado algo de bom naquela noite. "Sim... O que terá sido? Apenas me lembro de um homem... Ah! Agora estou a vê-lo novamente... Ele é lindo e está sentado num banco.. Num banco de jardim...."
Ele estava à espera de alguém. Raquel encontrava-se no café daquele jardim, que lhe dava a visão completa para o parque e, por qualquer razão, ela tinha focado a sua atenção naquele homem. Ele era bonito, moreno, cabelo curto e com um porte distinto. As outras mulheres que passavam por ali não escondiam o seu interesse e olhavam directamente para ele que, tentava, disfarçar e continuava a ver as horas no seu relógio de pulso. Por aquela reacção, parecia estar desconfortável. "Estranho", pensei. "Um homem nunca fica assim... Ainda por cima as mulheres parecem ser daquelas que os homens realmente gostam..."
Quis parar de pensar naquilo. Levantei-me e fui pagar o meu café. A direcção que tomava ia dar exactamente àquele banco de jardim. Tive vontade de me rir sozinha quando, de repente, senti algo a chocar com a minha perna. Sem me conseguir controlar, assustei-me e olhei para a minha perna esquerda. Uma menina tinha vindo contra mim. Ao mesmo tempo que me dava conta da situação ouvia uma voz de mulher: "Joana, cuidado!!!!". A criança tinha uns olhos enormes e tinha ficado assustada com a forma como tinha olhado para ela. Logo mudei de expressão e sorri-lhe. A senhor chegava agora ao pé de nós e meio ofegante pedia desculpa.
- Não se preocupe, não tem importância.
- Ela está sempre a correr de um lado para o outro! Esta minha filha é uma coisa impressionante.
- É normal... É uma criança.
- Desculpe!
Sorri, passei a mão pelo cabelo castanho da criança e segui caminho. Assim que dei uns passos, o homem bonito que eu tinha estado a admirar da minha mesa enquanto tomava o café passava por mim. Segui-o com os olhos e vi que ele chegava perto da pequena Joana e agarrava-a pelos braços.
- Sempre a correr... Eu e a mãe já te dissemos que não pode ser assim!
Fiquei meio sem palavras. O homem procurou a mulher que falara comigo e deu-lhe um beijo.
Sorri. O amor... Aquela mulher podia estar descansada, que aquele homem não ia sair de ao pé dela assim tão cedo.
Raquel abria novamente os olhos e sorriu. Pelo menos, nesta noite, o sonho tinha-lhe dado esta bela história. Nada de coisas estranhas, ou inexplicáveis. Nada de pesadelos. Só aquela história. Como ela gostava de sonhar coisas bonitas. Isso pelo menos dava-lhe serenidade. Serenidade para tudo o resto. Concerteza que os dez minutos já tinham passado. Retirou o lençol que tinha sobre si e sentou-se na cama. Esfregou a cara e levantou-se. Olhou para o relógio e este ditava as horas exactas a que se devia levantar. Tinha vontade de chorar. Sabia o dia que tinha à sua frente. Mas... Mas, de qualquer das formas, ainda tinha a noite para continuar a sonhar... E, por tudo, que sonhasse coisas boas!


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