A Mentira da Liberdade

É uma grande treta.
Aquilo que disseram que todos nós adquirimos... Como é que eles dizem? Ah, sim! Liberdade de Expressão.
"Ah e tal porque somos todos livres". Mentira. Há sempre alguma coisa que nos prende. 

No plano político acredito que essa tal Liberdade de Expressão exista. Embora não seja usada por todos. Antes não se falava por medo de que as pessoas erradas ouvissem as opiniões de cada um. Agora é diferente. Os espaços para opinião existem e estão preparados e reservados a quem a queira dar. 

Mas e no dia-a-dia? Vamos chamar este plano de plano Moral e quotidiano. A liberdade de expressão simplesmente não existe, nem nunca existiu. Temos medo das outras pessoas ouvirem e lerem aquilo que escrevemos. Prestamos atenção à mais pequena vírgula, à palavra mais insignificante e reprimimos a expressão da maior parte dos nossos pensamentos e opiniões sobre os outros e aquilo que nos rodeia. 

Apenas seria livre de dizer aquilo que bem me apetece se aqui escrevesse tudo o que penso dos outros, do trabalho e do mundo. Mas adivinhem uma coisa... Não o vou fazer, porque na realidade não tenho liberdade para o fazer. Nenhum de nós tem, acreditem. O mundo onde nos encontramos é demasiado pequeno. No dia seguinte encontraremos alguém que nos aponte o dedo, que deixe de falar connosco ou que até nos processe. Aqui vai um exemplo muito fácil de entender: se por alguma razão um pessoa tem um problema com o seu chefe, quem é que o iria descrever claramente, sem preconceitos e floreados à frente de quem quer que fosse ou num meio de expressão pública, como um blogue? Desculpem a minha descrença no ser humano, mas a verdade é que ninguém o faria.

E acreditem que todos nós nos submetemos à vergonha ou à cautela, como lhe quiserem chamar. Até aqueles que falam na televisão, como defensores da liberdade de expressão e nós até acreditamos que eles estão a dizer tudo, mas mesmo tudo aquilo que pensam. É mentira. Se um quarto dos portugueses dissesse aquilo que realmente pensa, andava tudo ao contrário. 

A mim revolta-me. Por isso, sou uma revoltada comigo mesma. Só eu sei aquilo que penso durante todo o dia sobre aquilo que vejo e aquilo que oiço. As minhas opiniões ficam comigo. O problema é que às vezes tudo isto é demasiado pesado. E tentamos encontrar metáforas, histórias e subterfúgios para tentar passar aquilo que sentimos. Tal como estou a fazer agora. No fim de contas apenas gostaria de poder dizer as verdades que tenho entaladas e deixar de fazer aquilo que não quero. 

Mas, como um dia ouvi alguém dizer, "a vida é uma coisa complicada". Sabermos manter o silêncio é necessário para sobrevivermos neste mundo de víboras. Estes "animais peçonhentos", esperam apenas um pequeno deslize para nos poder atacar e deitar fora. Porque só assim conseguem chegar mais longe do que todos os outros. E esses, aqueles que são apanhados, são os pequenos pedaços de carne, que devoram sem respirar. E, por fim, existem aqueles que estão no meio. Por vezes menos sinceros, outras vezes verdadeiros, como se estivessem numa balança, a tentar manter o equilíbrio. Não os levem a mal. Eles só querem continuar a respirar. 

E tudo isto se torna mais suportável se soubermos ter do nosso lado aqueles que são totalmente verdadeiros connosco, com as suas virtudes, mas, também, com os seus defeitos, pois só assim são pessoas límpidas.

Mas há sempre uma pergunta que permanece:
Como se gere tudo isto?

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