O que aconteceu ontem no Music Box?

MusicBox, 22h. Cá fora, pouca gente. Nem parece que está prestes a começar um concerto... Será que nos enganámos? Eu e mais dois amigos olhamos em volta. Esperamos... Subitamente vejo João Pinto (baixista dos PunkSinatra) encostado à parede com uma cerveja na mão. “Ok. O concerto é aqui mesmo”, penso eu.

Finalmente entramos. O sítio é escuro, tal como é suposto ser, as pessoas ainda não tinham chegado. Altura ideal para sentar e beber um copo, enquanto as bandas não começam. Risadas. Histórias e piadas contadas pelos três. Costuma-se dizer “vamos beber um copo de três”, mas no nosso caso foi mais um copo para três. Ou muitos mais... Sempre ao som do Dj Billy.

Timidamente, a primeira banda, os Brent, começa a sua actuação. Pouco público, mas bons, pelo menos é isso que tinha na ideia. Primeiro sentados, um pouco desconfiados, sem saber muito bem o que esperar daquilo. “Sentados e eles a tocar?! Bora lá levantar!”. E como nestes casos é apenas preciso uma pessoa para que o resto venha atrás (fazendo aquilo que estava na realidade a pensar fazer, mas não o faz porque mais ninguém se levante), assim foi: saltamos da cadeira e fomos ouvir e ver com mais atenção. 

Não entraram a ferver, estava morno. Mas, ao longo dos quarenta minutos seguintes aqueceram. Quando já estávamos a entrar na onda, terminaram em ebulição. Esquecemos a nossa inércia no início do concerto e apenas recordamos a boa sensação com que ficamos depois de os ouvir tocar. Queríamos mais.

Mais um intervalo. Mais uma oportunidade para falar ao ouvido. Mais uma ocasião de convívio. As poucas mesas que se situam ao fundo da sala do MusicBox estão a ficar cheias. As pessoas começam, finalmente, a chegar. E aqui podemos ver de tudo um pouco (embora saiba que não é oportuno rotular quem quer que seja): punks, raparigas “fashion”, pessoas casuais, pessoas conhecidas e menos conhecidas. Quem quer que seja sabe quais são as suas razões para ir a este espectáculo. De certeza umas mais válidas do que outras. Mas adiante.

A segunda banda acalmou os acordes e as batidas fortes da bateria dos Brent. Não me fez levantar da cadeira, sem ser para ir para à casa de banho. Nada tem que ver com os Dalmation, que me parece terem feito bem o serviço no seu quadro musical, mas sim com o meu gosto pessoal (não sou grande apreciadora de ska). Deu para “aparvalhar” com quem fui, para olhar para o telemóveis alheios, para fazer vaquinha com o fim de beber mais uma cerveja e para ver os panfletos que por lá haviam espalhados. Deu ainda para ler a Fazine Outsider do mês de Junho.

Mas para quem estava a precisar de sair mais cedo não foi muito bom. Agora que a sala estava composta, algumas pessoas estavam de saída. Era já tarde. Afinal de contas, o espectáculo começou com uma hora de atraso. Ou seja, muitos deles não viram a banda da noite que, na minha opinião, foram os PunkSinatra. Num som electrizante, com um baixista e um guitarrista exemplares e com um baterista que os acompanha sem atropelar ninguém, a sala, embora já menos composta, uniu-se. Uniu-se para ouvir as músicas do álbum Ataca Contrataca o Monstro Acordou.

O som das colunas acabou por fazer eco, fazendo com que a música ficasse ainda mais no ouvido, literalmente. Uma banda que me surpreendeu pela qualidade instrumental e pela força que João Pedro Almendra (vocalista) dá à banda. Creio que sem ele não era a mesma a coisa. Um som puro que, devido à destreza do baixista, aos solos da guitarra que nos perfuram os tímpanos, à bateria que nos faz saltar,faz com que algumas músicas deixem de lado o som punk e caiam mais para o metal. Gostei de ver a forma como o vocalista quase canta com uma voz ainda mais grave, tal e qual como fazem os vocalistas de bandas de metal. Uma fusão que me deixou agradada, onde os problemas reais são postos na mesa de forma crua e dura.

A noite já ia longa e era hora de ir. E agora como chegar a casa sem metro?

Myspaces:
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