Podias ter-me dito, sabes?
Podias ter-me dito, sabes? Seria tão mais fácil se mo tivesses dito. Se me tivesses explicado o porquê de me arrancares de ti, assim, sem dó nem piedade. Pensaste que eu não o poderia compreender? Como?! Como podias pensar isso? Julguei que te tinha demonstrado de todas as vezes que me acolheste que, também eu, te acolhia no meu abraço e no meu corpo. Fui eu, apenas e só eu, que sentiu isso? Só eu é que senti essa partilha sincera e sem refúgios, não foi? Era uma partilha pura onde eu tinha a certeza de que iria compreender tudo aquilo que me quisesses dizer. Até com o teu silêncio... Até com o teu silêncio eu conseguia ouvir-te, sabias? Mesmo quando nada me dizias, por dias, semanas, meses, eu conseguia compreender o que me estavas a dizer, como se uma qualquer força sobrenatural me tivesse dado um qualquer poder para compreender todos os teus sinais, mínimos e microscópicos sinais. Chegados aqui, parece que afinal este super poder nunca existiu, não é assim? Se tivesse existido ...