Porto de Abrigo
Andamos constantemente à procura daquilo que não temos. Se não nos entusiasmamos, buscamos incessantemente algo que nos devolva esse entusiasmo. Se nos sentimos sozinhos, procuramos algo ou alguém que torne essa solidão suportável. Se nos sentimos mal, tentamos encontrar qualquer pretexto para que nos sintamos bem. Se estamos descontentes com o que temos, corremos atrás daquilo que pensamos que nos falta. Simplesmente, não conseguimos parar. É quase como um ciclo vicioso em que nos habituamos a um ritmo alucinante da procura. Muitas vezes, apenas temos essa ilusão de que nos falta algo, por aquilo que nos impõem, pelas realidades distorcidas que outros impregnam em nós, pelas exigências estúpidas que nos fazem e que, depois, fazemos a nós próprios. Sempre com aquela ideia de que temos de ter ser, de ter, de viver... Ser. Ter. Viver. Porque não podemos, apenas, parar perante aquilo que temos e apreciá-lo? Apreciar os bons momentos que vivemos, as pessoas que nos fazem felizes, a criação...