O Vício da Loucura

Queria dizer que te amo.
Queria que pudesses estar aqui. Ao pé de mim.
Queria que nos sentíssemos e que o tempo parasse. Que o tempo parasse aí, nesse preciso momento em que nos confundimos um no outro.

Mas, depois, penso que apenas queria ter a tua presença. Nem que fosse ao de longe, mesmo que não nos falássemos. Queria apenas um momento para te olhar, para observar os teus gestos, para reconhecer a tua expressão, para te ver na simplicidade do teu eu. Na mais profunda pureza do teu ser.

Queria tanto que nos pudéssemos encontrar... 
É quase como se este meu desejo me levasse a ver-te aqui, à minha frente. Neste preciso momento... Neste preciso momento em que fecho os meus olhos eu consigo descortinar a tua figura. A tua figura imponente, mas, ao mesmo tempo, tão simples, tão singela e tão sincera.... Tão verdadeira. Consigo até recriar o teu olhar. Sim, aquele teu olhar que me prende em qualquer parte em que nós estejamos: seja numa sala recôndida, ou numa rua por onde passam milhares de pessoas minuto após minuto. Esses teus olhos crus, que por vezes parecem vazios de sentimento, mas, que, na realidade, são cheios de significado, de enigmas e do que mais simples há na nossa existência: o amor.

E sorrio. Sei que pareço uma louca aos olhos dos outros. Sou uma mulher de olhos fechados a sorrir porque te vejo na minha imaginação... Haverá definição mais certa daquilo que é a loucura?

Mas o que é a vida sem loucura?  
O que sou eu sem esta loucura? Sem esta inquietação que me desespera, mas que ao mesmo tempo é tão viciante... Tão viciante, porque eu não consigo viver sem este desespero desta loucura. Eu sei que é inútil este sobressalto. Eu sei de que nada serve os meus desejos porque eu nunca te irei ver. Eu nunca te vou ter à minha frente para te poder dizer o quanto te amo. Para te dizer o quanto eu desejei que estivesses aqui. Ao pé de mim. Para que nos pudéssemos sentir um ao outro e que aí, finalmente, o tempo parásse...

Esta minha loucura não me permite voltar a estar somente com a minha realidade. Por mais que eu saiba que esta loucura tem de terminar, ela volta. Sempre.

Então, eu pergunto: quão danificados temos de estar para nos sentirmos viciados nesta loucura? Sou um ser humano desfeito que nada mais espera da vida. Que apenas se desespera com a sua imaginação, porque apenas quer que ela fosse real... Que se tornasse palpável. É por isso mesmo que nunca vou conseguir deixar essa loucura: ela é a única que me mantém viva e que permite que o meu coração continue a bater. Mesmo que seja pelas razões erradas e imaginárias. Mesmo que seja por uma ficção.

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