Embalo
Vejo-te sentado no sofá, sozinho, com essa fotografia na mão e surge em mim uma vontade de te rodear num abraço mais forte do que tudo. Isto mais não é que a minha imaginação que te desenha, sentado nesse sofá, com a fotografia na mão, apertada entre os dedos, enquanto choras. O teu semblante é tão diferente quando choras, quase que nem pareces tu. Pareces uma outra pessoa que nunca vi. Mas, eu sei que és tu. Como choras, meu amor. Imagino que ficaste assim depois de algum telefonema. Era expectável que acontecesse, mas nunca sabemos quando vai ser, nem sequer pensamos como será quando isso finalmente acontecer. E, vejo-te, assim, a chorar, de olhos fechados, como se dessa forma conseguisses vê-la à tua frente e ganhasses a ilusão de que ela ainda está viva. Meu Deus, como te quero embalar. Rodear-te com os meus braços e embalar-te ao de leve, enquanto sinto as suas lágrimas que me molham a blusa. Bem sei que o meu embalo não te tirará essa dor, nem a amenizará, mas esta seria a minha ...