A Caminho de Casa
Começo a andar rumo a casa e sinto o leve vento que me adorna a face e distrai, fazendo com que não desista do meu caminho. Subitamente, uma ideia vem-me à cabeça, não sei bem porquê. As pessoas estão cansadas. Noto isso todos os dias. As pessoas têm um ar cansado, farto, saturado. Pelo menos a maior parte das pessoas com quem cruzo deixam-me esta razão. Tal como eu, concerteza. Não sou diferente da maioria das pessoas. Também eu me sinto cansada e por mais tempo que tenha parece que o cansaço está no interior dos meus ossos. Eu vejo o cansaço na face das pessoas, nos seus olhos, nos seus cabelos. No vagar do seu andar. O meu pensamento é interrompido pelo barulho da porta de um carro a bater. Uma mulher sai lá de dentro, a cambalear, enquanto que o carro segue o seu caminho. As prostitutas deambulam por ali àquela hora de fim de tarde. Não sei se estão a regressar, como esta, ou se esperam alguém ou se é, para elas também, o fim de mais um dia. É frequente irem contra os respiradouros...