Acordei-te?
Abro os olhos devagar. A primeira coisa que vejo são as suas coxas, que albergam em si aquele conjunto de folhas que o acompanha desde que aqui cheguei. Deitada de barriga para baixo, estou com alguma dificuldade em me mexer. Quero ficar ali para todo o sempre. Suspiro ao de leve e sinto o cansaço do meu corpo e fecho novamente os olhos. Não é um cansaço mau. É um cansaço bom. Até há pouco tempo pensava que todo o cansaço era mau. Mas ele mostrou-me que não. Deve ser ainda de tarde... O cheiro do cigarro que ele fuma está por todo o quarto. Quando ele lê, tem quase sempre que fumar um cigarro. Oiço-o murmurar. Abro novamente os olhos e, devagar, ergo um pouco a minha cabeça da almofada amarrotada e vejo com ele mexe os seus lábios ao de leve, emitindo um som tão baixo, que nem eu sei como fui capaz de o ouvir. Por qualquer razão que desconheço, o meu cérebro entendeu que agora conseguia coordenar o meu corpo e acabo por me mover. Seguro no lençol, que apenas me ...