No Fim
Sinto que as forças me fogem. Sinto que elas me deixam aqui a morrer sozinha. Até as minhas forças me deixam sozinha, caída no soalho da casa. Olho para o tecto branco que, agora, será a minha última visão antes que o meu coração deixe de bater. Melhor, antes que deixe de ter forças para respirar. Na verdade, há muito que o meu coração já não bate. Para onde vão elas? Para onde vão as minhas forças? Vão entregar-se, assim, a alguém? Como se esse alguém fosse mais valioso do que eu? Eu sei bem que nada valho. Sim. Eu não valho nada. Nada. Nem o ar que respiro ou a terra que piso. Eu não valho nada. O tempo para eu valer algo já passou. E esse sacana do tempo não volta atrás. Não. Ele passa e não volta. Nada há quem me demonstre que eu tenho valor. Terá sido por isso que elas se foram? Que as minhas forças me deixaram assim, devagar. Não foi de rompante. Não. Estas coisas nunca acontecem do dia para a noite. Elas vão acontecendo. Devagarinho, devagarinho, até que tod...