Quanto Vale um Gesto?

Quase todas as coisas têm um preço.
Ou, melhor, é possível valorizar (seja em numerário ou subjectivamente - muito, pouco, mais ou menos) quase todas as coisas.

No entanto, existem gestos ou situações que acabam por ser tão maravilhosos que nos engolem a capacidade de os poder quantificar. 

Quanto vale um abraço na altura certa? Naquele momento exacto em que nada tem sentido, naquele momento no qual nem nós próprios sabemos o que queremos, naquele momento em que tudo parece tão impossível... E aí ele acontece... Aquele abraço onde nada à nossa volta parece importar, porque deixou de fazer sentido. Aquele abraço que, mesmo que tenha apenas centésimos de segundo, vale por uma eternidade. Aquele abraço que é como um esconderijo. Um lugar onde sabemos que podemos estar, onde nada nos vai afectar, um aconchego que, no fundo, nos faz sentir como humanos outra vez.

Quanto vale um serão onde sentimos que pertencemos ali, com aquelas pessoas, naquele sítio? A sensação de que não há outro lugar no mundo que nos faz sentir tão centrados... Como se regressássemos à nossa essência, àquilo que somos, e que tantas vezes fica de fora, esquecido, na maior parte da nossa vida... A conversa mais ou menos importantes (o que é que isso interessa?!), as piadas que se contam, o futuro que se imagina, a recordação do passado e de momentos que ficaram para sempre marcados em nós. É, ao fim de contas, o sentimento de pertença, de que somos de alguém ou de um lugar...

Quanto vale uma palavra? Aquela palavra certa no momento certo. Aquela palavra que nos pode acordar para nos levar a fazer algo. Aquela palavra que também magoa. Que nos marca, a qual jamais esqueceremos. Mas também aquela palavra que nos corrige, que nos chama a atenção, que nos faz parar. Aquela palavra que nos aquece o coração. Aquela palavra que, também, nos aconchega, a qual nos demonstra que existe alguém que se importa connosco... Que quer saber como estamos... Que não nos quer deixar sozinhos.

Estes são, para mim, apenas alguns exemplos daquilo que temos na nossa vida... Gestos ou situações aos quais não podemos atribuir um valor. E, na maior parte das vezes, esses gestos "passam um pouco ao lado", o que acontece por diferentes razões: porque, no preciso momento em que acontecem, não nos damos conta da sua real importância, ou no impacto que tiveram ou que poderão vir a ter...

Interessa dar importância às coisas quando elas acontecem. Até porque, depois de se tornarem reais, apenas serão memórias e o mais provável é cairmos no típico cliché "ai, como era bom nessa altura". É certo que quem consegue identificar as coisas boas também irá cair no mesmo cliché. A diferença é que conseguiu aproveitar, muito melhor, esses gestos e momento iquantificáveis.

Quanto àquilo que nos magoa também devemos perceber qual a sua importância para o nosso crescimento, porque, só assim o vamos conseguir ultrapassar para continuarmos, efectivamente, a viver.

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