A Dúvida da Certeza

É estranho quando colocamos em causa algo que tínhamos com adquirido. É uma sensação desconfortável quando começamos a duvidar das nossas certezas. Eu tenho a noção de que sou uma pessoa de certezas. De ideias firmes, por vezes fixas e inflexíveis, é verdade. Mas são elas que nos podem guiar na vida. Se não tivermos certezas como podemos sobreviver neste mundo? São elas que nos fazem seguir e estabelecer um percurso para atingir os nossos objectivos.

Quando tomamos decisões, as certezas estão lá. Porque se não estiverem... Se não estiverem, somos incapazes de decidir o que quer que seja conscientemente. E isso assusta-me. A inconsciência das decisões é uma coisa que me assusta, porque não consigo entendê-la. Por esta ordem de pensamento, talvez aquilo que me assusta é o que me escapa ao entendimento. A razão faz parte do ser humano, porque é que os Homens tendem a esquecer-se disso? Não sei. Essa é uma pergunta que me irá perseguir para sempre...
Considerações sobre a responsabilidade da Humanidade à parte, a verdade é que quando me deixam a pensar sobre as minhas certezas, sou capaz de me alhear de tudo. Parece que começo a sentir o chão a fugir dos meus pés. E eu tenho muito medo de ficar sem ele, confesso.
É, muitas vezes, o mundo à nossa volta que coloca as nossas certezas em dúvida permanentemente... 
O que é que é justo? 
O que é que honorável? 
O que é que é uma atitude corajosa? 
O que é que é a mentira? O que é que é a omissão? O que é que é a verdade?
O que é são valores? O respeito é medo? Ou o medo faz parte do respeito? Serão coisas completamente distintas ou não?
Quais são as nossas raízes? Elas existem?
O que é que a identidade?
Qual é a nossa identidade?
O que é que defendemos? Porque o fazemos? Ou, porque é que não o fazemos?

Quando somos de ideias fixas, por vezes, podemos cair no erro de sermos idealistas... Mas será que ser idealista é um erro? Eu acredito que não. Acho que é bom ter ideais e defendê-los. Do que é que se faz a vida se não defendermos algo em que acreditamos? Se não fizermos o que estiver ao nosso alcance para que aquilo que amamos não desapareça? O que é a nossa vida se não agarrarmos com unhas e dentes a oportunidade de fazer alguma coisa pelos outros e por nós mesmos? Nada. Sem isto a vida não tem sentido. Aí está uma certeza. Sem nada disto a vida não tem sentido. 

Quanto ao resto o desafio está no bom senso. No bom senso de chegar a um ponto e, através da reflexão consciente, perceber se continuarmos ou não no caminho que escolhemos. No bom senso de conseguirmos entender até onde podemos ir. E, no final de contas, a dúvida vai fazer sempre parte desse processo. Só temos de arranjar uma forma de ela não nos engolir.

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