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A mostrar mensagens de março, 2021

Uma Luz que se Apagou

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(Marta entra em palco. Olha em frente, para a cama, com as mãos entrelaçadas, atenta a tudo o que vê. Depois, olha para o seu lado direito, onde está uma estante. Caminha até ela e passa os seus dedos, levemente, pelas prateleiras, verificando se tudo está no mesmo lugar. Rodopia e caminha até à mesinha de cabeceira. Coloca a mão no candeeiro, ajeitando-o. Vira para a frente uma moldura sem fotografia e acena. Marta continua a andar até ao toucador, do lado oposto à estante. Marta pára em frente ao espelho e inclina-se. Fixa os olhos no seu reflexo. Ela pega na sua trança comprida e admira-a, por um breve momento). Marta: Está, exactamente, como antes. Exactamente, com o mesmo comprimento. (Marta passa as mãos pela sua trança). Exactamente, igual aquando da… (ela cala-se e pega na ponta da trança) Aquando da sua chegada. (Marta olha para a plateia). Como tenho saudades… Como ainda sonho… Ainda sonho que o vou encontrar. Eu sonho que o vou voltar a ver e ele estará igual. Exactamente ig

Jornalismo, Dar ou não Espaço ao Errado? Eis a questão.

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Dizem que o jornalismo é liberdade. Dizem que o jornalismo, o bom, é um dos garantes da democracia. Dizem que o jornalismo tem de ser independente para informar o cidadão. O jornalismo deve informar. O certo e o errado. Ultimamente, tenho tido muita vontade de não dar voz àquilo que considero errado. Errado para o mundo, para o país, para a cidade. Errado para qualquer sociedade. Não lhes quero dar palco. É verdade, admito, há muito que quero restringir o espaço a quem defende as restrições da liberdade.  Eu posso querer fazê-lo, mas, ontem, fui obrigada a fazer o que é suposto, ditado pelas regras. E foram apenas alguns parágrafos, nada de muito extenso. Porém, sei que vai chegar o tempo em que terei de dar mais do que alguns parágrafos a esses, que para mim são um erro das sociedades modernas, e eu tenho de engolir esse sapo. Já engoli muitos ao longo de dez anos, este será apenas mais um. Porém, confesso, a perspectiva de ter de engolir este, que para mim é um "sapão", afl

Tempo, para Longe, Leva-me!

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Sinto que tudo é uma prisão, Quando vivo a tua ausência, Na minha solidão, Na tua inexistência. Recordo-te todos os dias, Na tua postura desprendida, Nas palavras que me devias, No teus braços protegida. Não serei eu o que tu querias? Por certo, estou longe do que pensarias. Por Outra esperarias, Onde, no seu colo, tu morrerias! Ainda te sinto do meu lado Como se o tempo não tivesse passado No meu choro imaculado No meu amor desinteressado. Clamo aos Céus por mim e por ti Para que de uma vez alguém Me perdoe pelo crime que cometi De te amar como ninguém... Dói-me o peito carregado de angústia, Por não mais te vislumbrar. Cabe-me esta pura modéstia De ao longe te amar. Mas, pergunto como tanto me tiveste enganada, Iludida pelos teus belos ditos, Com os teus gestos fascinada, Perdida nos teus olhos eruditos! Olhos que tanto me acalentaram, Como se a mim me quisessem, Que tanto me disseram Como se de mim dependessem. Guardo em mim esta dor De não poder compreender Este sentimento avassala