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A mostrar mensagens de janeiro, 2013

O Regresso a Casa

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"Pi! Pi! Pi! Pi!" O despertador tocava, mas não acordava Marta, que estava já de olho aberto há algum tempo. Estava frio e a vontade em se erguer da cama era nula. Deixou-se ficar. Mas, por mais que quisesse, não conseguia descansar com a ideia contínua de que os cinco minutos a mais que ia ficar deitada estavam a passar demasiado depressa e que, mais cedo ou mais tarde, tinha de se levantar.  Descobriu-se e pôs-se a pé. Estava completamente a dormir e deixou-se guiar pelas suas próprias rotinas, que o seu cérebro tinha já memorizado. Arranjou-se e foi trabalhar. No caminho para o escritório as boas memórias que tinha assaltaram a sua cabeça, como tantas outras vezes acontecia. Sorriu. Sabia ao menos que tinha sido feliz no seu passado. E, o mais engraçado, é que enquanto viveu esses momentos ela, por alguma razão que desconhecia, tinha a consciência de que esses seriam os melhores momentos da sua vida. Tentou ser positiva, pensado que, ao menos, tinha tido anos em qu

O Sonho de Maria

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Mais um dia que terminava. Maria estava cansada como acontecia habitualmente num dia de trabalho. A desmotivação e a frustração eram cada vez maiores e não tinha mais ninguém que culpar senão a ela própria, pelas opções que tinha tomado ao longo da sua vida, factores que tinham determinado, também, a sua solidão. Mesmo estando esgotada, ela não queria por os pés em casa. Aí sabia que não ia descansar completamente. Não só pelo facto de ter pessoas em casa, mas também porque não conseguia ultrapassar os problemas que por ela tinham sido criados ao longo dos anos, sem contar com aquilo ao qual a tinham submetido. Motivos mais do que suficientes para se ter tornado naquela pessoa.  Ela precisava de descansar, verdadeiramente. No entanto, Maria sabia que o tempo de repouso mental já não voltava mais e que tinha de ter forças para suportar um dia de cada vez, sem pensar muito no futuro, porque, por mais que ela projectasse metas, esses objectivos nunca eram cumpridos, seja por falta de

A partilha de um momento inesperado

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Este texto fez parte do concurso literário com o tema "Partilha" da Rádio Universitária do Algarve. Só foram conhecidos o primeiro e segundo lugares, dos quais este conto não faz parte. Mas foi óptimo participar! Uma confusão que parece tomar-nos por completo. Não nos conseguimos virar para nenhum lado onde não haja um problema. Um problema que, mais uma vez, acaba por nos cair em cima das costas. Essas que estão já tão sobrecarregadas. Surpreendentemente, conseguem sempre arranjar espaço para servirem de poiso a mais uma complicação. As olheiras são enormes, o nosso cabelo despenteado denota o nosso cansaço, sentimos falta de ouvir o nosso próprio riso. Caminho apressada com vontade de não chegar tarde a mais um compromisso. Estou focada no local onde tenho de estar e apenas oiço a batida dos saltos dos meus sapatos no passeio. Num ímpeto uma voz desvia a minha atenção: “Joana!” Quase que me assustei. Rodei o rosto rapidamente e dou de caras com o Paulo. Ele e