A Partilha de Nós Mesmos

É bom sentir que as pessoas que fazem parte da nossa vida ou, pelo menos, já fizeram, evoluem. Que criam histórias para contar quando forem mais velhos. Que constroem um percurso, que superam aquilo que lhes é imposto, que conseguem atingir os seus objectivos.
É bom ver como as pessoas chegam às suas metas. Como fazem nascer algo de novo. A forma como sorriem, como brincam, como amam.
É bom ver que não têm arrependimentos. Que não pensam em demasia. Que não se deixam ficar. Que são capazes de perdoar e seguir em frente.
É bom ver que não estão sozinhas. Que têm alguém para conversar. Que têm alguém para se dar, sem barreiras, nem receios. Que têm alguém que os ajuda e que os protege.

Acredito que isso deve ser das coisas mais belas que a vida nos pode dar: alguém que nos proteja, seja do que nos é alheio ou até de nós próprios. Acredito, também, que primeiro de tudo, devemos saber defender-mo-nos sozinhos. Sermos capazes de trilhar o nosso caminho por nós mesmos, testarmos as nossas capacidades perante a vida. Mas, depois, conhecer também o que é não estar sozinho é fundamental. Talvez só assim consigamos dar valor a quem está realmente do nosso lado.

Saber o que é sermos cuidados. Como será ser cuidado?
Ontem ouvi as perguntas: "tu cuidas da tua mulher? Tu cuidas do teu homem?"
Cada vez mais penso que se as pessoas se cuidassem umas às outras tudo seria melhor. Haveria, concerteza, menos sofrimento. Ou, mais não seja, poderíamos partilhar o sofrimento com alguém, sem amarguras nem medos. Para mim, essa é uma das formas mais bonitas de cuidar de alguém, dividirmos o sofrimento. Porque, se alguém se dispõe a partilhar o seu sofrimento com outra pessoa, é porque confia plenamente nela. Sabe que não a deixará para trás, não a espezinhará ainda mais. Não. Muito pelo contrário. Quem tem um coração tão grande que lhe permite receber a dor que não é a dele, é porque está em completa comunhão com o outro. Alguém que não deixe o outro cair. E se ele cair, ele estende a mão para o ajudar a levantar ou junta-se a ele, para que não sinta que está completamente sozinho.

Por muitas vezes acreditei que isso não existe. Porém, sei que isso existe. Pode não ser para todos, mas existe. Nisso eu acredito. Há, de facto, pessoas que são privilegiadas nesse sentido. Quando vemos que à nossa volta existem pessoas assim é bom. Enche-nos o coração. 

Mesmo aqueles que não têm essa riqueza, também ficam com o coração cheio. São como aquelas pessoas que nunca viajaram, mas que sabem tudo sobre o país que mais gostariam de visitar. São aquelas pessoas que conhecem as canções de um determinado cantor, mas o qual nunca o viram a actuar ao vivo. São aquelas pessoas que conhecem tudo do que há a conhecer sobre os sentimentos, mas que, por diversas razões, nunca vão ter a oportunidade de os experimentar.

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